sexta-feira, 20 de março de 2009

Devaneios Antigos...


Quando olho para tudo o que fiz, tudo o que fui, nem sempre me reconheço. Nunca fugi do que sou e sempre me mantive fiel aos meus ideais e convicções, esta alteração, esta dificuldade em fazer agora o que sempre fiz perturba-me e faz-me questionar a mim mesma. Sou eu que estou mais fraca e perdida num mundo deturpado e mundano que sempre soube que existia mas do qual sempre me distanciei?
São os golpes que me são deferidos mais fortes e insuportáveis ou sou eu que ao contrário do que sempre pensei sou apenas mais uma? Será que a diferença de que sempre tanto me orgulhei se esbateu fazendo de mim um retrato desfocado e deturpado do que já fui? Ou será que não fui e era esta mais uma das minhas máscaras, mais uma das mentiras que incessantemente conto a mim mesma para tornar as minhas limitações mais suportáveis?
Tanta dúvida enjoa-me, turva-me a vista…
Talvez seja melhor assim porque a minha visão do mundo que nunca foi especialmente colorida está agora infinitamente escura e depressiva, deprimente.
A minha cabeça parece demasiado cheia e toldada, o meu peito apertado numa angústia sem motivo ou com demasiados motivos, o coração bate (ou não bate?) numa dor fulminante e constante que não me deixa pensar… ou será que a dor é porque o coração já não está lá?... Essa era uma resposta pertinente a toda esta confusão porque às vezes acho que sinto demais e que todos estes cavalos se misturam numa amálgama de corridas de apostas em que a velocidade faz perder todos os detalhes, outras acho que estou vazia, morta, sem chão, sem fundo, sem nada… E tudo parece profundamente sem sentido, sem contexto. Estúpido.

segunda-feira, 2 de março de 2009


Há sempre alturas na nossa vida em que o mundo parece desabar.
Nessas alturas respiramos fundo e buscamos cá dentro aquela força que sabemos existir para nos fazer viver sempre mais um dia.
O problema é quando essas alturas se prolongam em dias, em meses e o ar teima em não entrar.E cada vez mais o mundo pesa, os olhos deixam de ver e a cabeça de pensar.
Cada dia mais trabalho, mais problemas, mais peso…
Nessas alturas só queremos que nos deixem respirar um pouco, que nos deixem parar um pouco, que nos deixem dormir um pouco… ou tudo de uma vez.

Obrigado...


Na insónia ela procura reencontrar-se,
O corpo dói-lhe do desgaste sofrido
E a cabeça, ainda confusa,
Só a deixa saber que ganhou a batalha.
As feridas ocultas
Deixarão orgulhosas cicatrizes
Mas ela permanece em pé.
E que prazer é estar de pé…
A dor e o cansaço
provocam uma agradável sensação de vitória
E no calor do reencontro ela dorme.

Obrigado...